"A Conexão Oculta: Como o Estresse e a Dor Crônica se Alimentam Mutuamente"
- Cristiane Marques
- 1 de set.
- 2 min de leitura
Você já se perguntou por que, em momentos de grande estresse, a sua dor de cabeça ou nas costas parece piorar? A dor crônica e o estresse estão conectados por um ciclo vicioso, e entender esse mecanismo pode ser o primeiro passo para encontrar alívio. A ciência tem se debruçado no estudo dessa relação.
Para o nosso cérebro, a dor não é apenas uma sensação; ela é um sinal de alerta e funciona como um alarme de ameaça à nossa sobrevivência!
Ao encostar a mão num recipiente quente, a experiência da dor aguda e instantânea não faz com que tiremos imediatamente a nossa mão, a fim de evitar um dano maior? O problema é que, na dor crônica, esse "alarme" continua tocando mesmo quando a ameaça real já passou. A Neurociência reconhece esse fenômeno como uma espécie de sensibilização central.
Essa percepção álgica desencadeia um processo de aprendizagem de ameaça que mantem o ciclo da dor.
Em exemplos: depois de experimentar uma crise de coluna após curvar-se para frente, um indivíduo pode passar a associar o ato de curvar-se à dor nas costas. Mediante esse processo de aprendizagem, ele passa a evitar, a todo custo, tal movimento, podendo ainda experimentar medo e ansiedade na iminência de curvar-se.
Comportamentos como esse favorecem um ciclo de evitação, que, paradoxalmente, tendem a aumentar a ameaça percebida e a deficiência funcional do indivíduo ao longo do tempo.
O cortisol, o principal hormônio do estresse, age como um reforço oculto! Em situações de estresse agudo, ele direciona a atenção para a ameaça, favorecendo a aquisição e a consolidação de memórias relacionadas a ela. No contexto da dor crônica, isso pode ser desadaptativo, uma vez que reforça a percepção de que a dor é uma ameaça, fortalecendo a sua memória.
O estresse também dificulta o aprendizado de informações de segurança e educação, o que pode sabotar o progresso do tratamento.
Um dos grandes desafios e objetivos das terapias não farmacológicas consiste em ajudar os pacientes a "desaprender" a ameaça da dor. Isso significa "reprogramar" o cérebro, buscando desfazer essa memória e promovendo o retorno a comportamentos funcionais e orientados por objetivos de vida.
Você já percebeu essa conexão entre estresse e dor na sua vida?
A fisioterapia, através de técnicas não farmacológicas, pode te auxiliar nesse processo!
Ft. Cristiane Marques

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: The interaction between stress and chronic pain through the lens of threat learning
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