Cuidados para quem trabalha sentado em frente ao computador
- Cristiane Marques
- 23 de fev.
- 3 min de leitura
O homem moderno permanece, em média, um terço da sua vida na postura sentada, o que pode acarretar alterações biomecânicas, como desequilíbrio muscular entre força extensora e flexora do tronco e diminuição da estabilidade e mobilidade do complexo lombo-pelve-quadril, responsáveis pelo desenvolvimento de dores na coluna.
A proporção de trabalhadores que passa muitas horas sentada em frente ao computador tem aumentado significativamente nas últimas décadas, impulsionada pelo avanço da tecnologia e pela natureza cada vez mais digital do trabalho.
Trabalhar sentado em frente ao computador por longos períodos pode levar a diversos problemas musculoesqueléticos, uma vez que a manutenção de uma posição fixa não faz parte do modelo anatômico e funcional humano.
Tais problemas podem variar de desconforto leve a condições crônicas e incapacitantes. Os principais são:
· Dores na coluna vertebral, protrusão e/ou hérnia discal e alterações posturais.
· Dores no pescoço e ombros, presença de pontos de tensão (síndrome dolorosa miofascial), compressão acentuada de nervos e vasos sanguíneos.
· Tendinites, tenossinovites, síndrome do túnel do carpo, epicondilite lateral e/ou medial.
Nessas circunstâncias, os principais fatores de risco estão relacionados à má postura, ausência de pausas, ambiente de trabalho inadequado ergonomicamente, estresse mecânico e mental e ausência de uma atividade física regular.
Para controle e prevenção de lesões neuro musculoesqueléticas, é muito importante ajustar o ambiente de trabalho para garantir ergonomia, incluindo a altura da cadeira, do monitor e do teclado; fazer pausas regulares para se levantar, alongar e caminhar; adotar uma postura adequada ao sentar-se, com a coluna ereta, os pés apoiados e os ombros relaxados e praticar atividades físicas regularmente a fim de fortalecer os músculos e melhorar a flexibilidade.
Entretanto, se mesmo com a adoção de todos esses cuidados, você continuar cursando com dor e desconforto, a Terapia Manual e Postural pode te auxiliar na melhora e remissão do quadro clínico.
Atualmente, além dos efeitos mecânicos da Terapia Manual, costuma-se enfatizar os seus efeitos neurofisiológicos, pautados no entendimento dos receptores nervosos e em teorias da dor, como por exemplo, a teoria das comportas.
Nos nossos tecidos periarticulares e musculares, existem vários tipos de receptores nervosos. Entre eles, os receptores mecânicos para vibração, para movimento e para posição articular. Além dos receptores de dor (nociceptores).
Quando comparados entre si, os receptores de dor são mais difíceis de serem estimulados e transmitem impulsos nervosos mais lentamente do que os receptores mecânicos. Dessa forma, os movimentos articulares da Terapia Manual estimulam os receptores mecânicos, interferindo na transmissão de impulsos nociceptivos para o Sistema Nervoso Central (SNC).
Explicando um pouco mais, de maneira a elucidar a dinâmica, quando o SNC recebe estímulos rápidos e lentos, os primeiros têm precedência sobre os últimos. Logo, movimentos articulares passivos podem ativar receptores mecânicos de vibração e movimento, inibindo a transmissão de dor para o SNC.
Por um processo similar, a Terapia Manual também pode ser utilizada para relaxar a tensão muscular. A oscilação rítmica, gentilmente aplicada numa articulação com tensão muscular, gera impulsos aferentes para o SNC, acarretando uma inibição da contração muscular, com consequente melhora da vascularização local e redução da dor causada pela hipóxia (redução da oxigenação) muscular.
Esteja atento e atenta a todo esse contexto! Busque perceber seu corpo e o seu ambiente, realizando os ajustes necessários, sempre com ênfase na promoção da saúde e na prevenção de agravos.
Ft. Cristiane Marques
65502-f

Ref. Bibliográfica:
Terapia Manual: definição, princípios e conceitos básicos. Ladeira, Carlos
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